quinta-feira, 21 de julho de 2011

Bullying automotivo

Uma de minhas leituras favoritas é a revista portuguesa Auto Clássico, do grupo Motorpress. Sim, esse grupo existe no Brasil, onde edita – entre outras – as revistas Carro e Racing. Não, não sei o motivo dela não ser editada também no Brasil. Chega aquí com alguns meses de atraso, mas sempre é uma leitura agradável.
Recentemente passou por algumas mudanças editoriais, com novas seções sendo criadas, entre elas um guia de compras de acordo com alguns parâmetros – por exemplo, uma edição indicam um fora de estrada, outra um esportivo, outra um carro familiar... – , e chegou a edição em que prometeram indicar na edição seguinte “um clássico para oferecer aos seus filhos”, com a foto de uma perua Volvo série 200... fiquei curioso, óbvio. No Brasil, seria o equivalente a oferecer para o jovem que vai para a faculdade uma Ford Belina... e eis que vem a edição com essa matéria.
Os veículos indicados foram o MG Midget (o equivalente, no Brasil, a um Puminha conversível), o Peugeot 106 Rallye (aquí, um VW Gol GT), o Toyota Land Cruiser BJ40 (nosso Bandeirante de saudosa passagem por esses caminhos do Brasil), a já citada perua Volvo... e um Renault 4L. Renault 4L???? Sim! Um dos veículos mais feios já saídos de um bureau de design francês, povo que faz ótimos queijos, ótimos vinhos, tem grande fama no mundo da moda... mas que, no campo automotivo, tem um gosto, digamos, duvidoso. OK, existem exceções como os Citroën DS, CX e Xantia, os Peugeot 505, 205 e 405, os Renault Laguna (1ª geração), Fuego, 18 e 21... mas no geral a coisa vai do estranho para o bizonho. E, junto ao Citroën Ami, o 4L é bizonho.
Pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com o modelo dizem que ele vez sucesso por tanto tempo por ser resistente, barato, ter suspensão confortável e ser muito econômico. OK, mas daí a oferecê-lo para o filho ir para a faculdade... isso merece ser classificado como bullying! O garoto será o bixo mais popular do campus: TODO MUNDO vai zoar a cara do moleque! Imagine aquí no Brasil: o garoto passa na faculdade, o pai entrega as chaves do carro para ele, diz que é “um veículo clássico”, pelo formato da chave ele acha que é um Fusca... aí ele abre a a garagem e encontra uma Brasília amarela ou azul calcinha. Pois é. Mesma coisa o 4L. Uma coisa podemos ter certeza: qualquer garota que ele namore na faculdade será porquê ela REALMENTE gosta dele, ele não pegará nenhuma “maria gasolina” em toda a sua vida acadêmica.

Alexandre Bianchini

2 comentários:

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

É mesmo um carrinho danado de feio o Renault 4L. Eu já vi alguns com placas da Argentina durante o verão, mas apesar de ser mais rústico que o Uno Mille me parece ter uma confiabilidade próxima ao Fusca. Vale destacar a peculiaridade da distância entre-eixos maior de um lado que do outro, ainda presente no Clio nacional...

Bianchini disse...

É, pelo que já pude ler em revistas importadas, o 4L foi criado para ser um concorrente do 2CV, ou seja, um carro no qual o homem do campo pudesse sair de sua chácara e ir para a cidade levando duas dúzias de ovos sem quebrar... e que desse o mínimo de manutenção possível - assim como o fusca e o 2CV.
Obrigado pela leitura!