quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A grande perdedora

Infelizmente parece que nos últimos tempos as fábricas de carros se preocupam com apenas uma coisa: vender os carros. Com os altos volumes de produção necessários para atender à demanda atual, o controle de qualidade passou a ser negligenciado, o que explica o grande volume de recalls dos últimos tempos. Porém, pior do que isso: a rede autorizada das fábricas não está dando conta do grande movimento, e é claro que com essa situação toda a imagem da marca fica abalada.
Vou contar (sem citar nomes) um caso que fiquei sabendo envolvendo a Ford. Um amigo comprou no fim do ano passado um Fiesta Sedan. Está satisfeito com o carro, embora o mesmo não seja tão bom quanto era a Escort Wagon que ele possuía antes. Esse ano, com o filho ao volante, o carro teve a lateral danificada por um motoboy. Após pesquisar o preço em diversas revendas, escolheu uma da Zona Oeste de São Paulo para fazer o conserto, afinal o carro ainda está em garantia, e para não a perder fica-se à mercê da rede autorizada.
O garoto esqueceu um óculos de sol de griffe no porta-luvas, e é óbvio que quando o carro voltou o mesmo não estava lá; Após uma certa discussão, ofereceram uma revisão grátis como compensação. Como não faltava muito para a quilometragem, foi aceito.
Na primeira vez que o carro foi para a revisão, o serviço não ficou bom. Retornou a segunda, a terceira vez, e nada de ser feito um serviço decente. Quando ele estava indo pela quarta vez à concessionária, furou um pneu. Chegando na oficina, ele informou do furo e pediu para consertarem que ele pagaria à parte o pneu. No dia em que foi pegar o carro na oficina, já passou próximo da hora de fechar a concessionária, com pressa, e não conferiu o carro.
Dia seguinte, ao sair de manhã, escuta aquele barulho de pneu vazio. Ao tentar soltar o estepe , percebe que trocaram a chave de roda por uma já bem usada, até meio espanada. Mesmo assim, conseguiu soltar o estepe... para encontrar o mesmo pneu furado da véspera.
Agora me digam: o que adianta a fábrica investir milhões para melhorar os produtos que fabrica se a rede autorizada “joga contra”? Ele me disse que reclamaria com o ombudsman da Ford e que diria para todo mundo que conhece para não comprar carros da Ford. Como ele tem uma banca de jornais, dá para ver que conhece um bocado de gente, inclusive potenciais consumidores da marca. Quem foi que perdeu mais nessa história toda? Não foi a concessionária, certamente. Esse meu amigo perdeu tempo, algum dinheiro e a confiança na marca. Mas a grande perdedora foi a marca Ford, por falta de controle de sua rede no atendimento pós-venda. E a publicidade negativa de um atendimento mal feito no pós-venda é muito difícil de reverter com publicidade em TV, rádio e mídia impressa.

O grande perdedor

Causou certo ruído nas redes sociais o anúncio que essa temporada o canal Bandsports não transmitiria mais os jogos da NFL, a milionária liga de futebol americano. Esse é um esporte que está crescendo entre o pessoal de classe média a média alta, existindo até liga de futebol americano no Brasil, com times que se utilizam de nomes engraçadinhos que nem os gringos. Quando o Paulo Mancha, um dos comentaristas do esporte no Bandsports, deu a notícia no seu perfil do Facebook pude ler dezenas de cometários de fãs do esporte dizendo que cancelariam a assinatura do canal. Lembremos que exceto na TVA o Bandsports é um canal opcional, pago à parte.
Puxando pela memória lembrei-me de outras derrotas do Bandsports:
-Perderam o campeonato da MLB (Major League Baseball), onde conseguiam uma boa audiência com a brilhante narração do Ivan Zimmerman, provavelmente o melhor narrador de esportes americanos existente no Brasil, um cara capaz de prender a atenção do telespectador em um jogo sem grandes emoções, com uma bagagem de informações de bastidores do esporte invejavel.
-Perderam a Nascar, que hoje em dia só é transmitida pelo canal Speed, e nos moldes do Speed americano, ou seja, com uma infinidade de intervalos comerciais, esteja acontecendo algo de interessante na pista ou não. O Bandsports passava com intervalos comerciais apenas quando aparecia bandeira amarela – o que, na Nascar, quer dizer um monte de vezes.
-Perderam o WTCC, o Campeonato Mundial de Carros de Turismo, justamente no ano em que o curitibano Augusto Farfus estava de mudança da equipe Alfa Romeo para a equipe oficial da BMW. Tinha tudo para ser um sucesso de público... mas aí, dentro daquela lógica do “vamos comprar para que os outros não transmitam” da Corporação Globo, a categoria foi comprada pelo SporTV e relegada a um VT da prova na meia noite da terça-feira, confirmando o tradicional desrespeito da Globo com o espectador.
E agora, como “cereja do bolo”, temos o Bandsports transmitindo a Indy apenas como VT. No lugar, uma “interessantíssima” competição de hipismo, que se houvesse medição do Ibope em TV por assinatura nem traço teria dado de tão baixa deve ter sido a audiência. Uma coisa é a Bandeirantes canal aberto não passar a corrida ao vivo, pois o horário volta e meia coincide com o futebol. Outra, completamente diferente, é o canal pago do Grupo Bandeirantes fazer esse papelão. Ridículo.
Com essa sequência de burradas, não fica fora de propósito considerar o canal Bandsports como o grande perdedor da atualidade.